Eu sabia, agora não sei mais.

Eu sabia que era preciso ser realista. Que tudo que começa termina, mesmo que demore.  Que muito tempo às vezes parece ser pra sempre, mas que pra sempre é muito tempo pra se medir ou prever. Sabia que felicidade pode ser superficial, mas que tristeza é sempre profunda. Que sonhar é bom, mas que uma hora a gente acorda. E que se almas gêmeas existissem, elas seriam irmãs, e isso seria incesto. Eu sabia que verdades tem prazos de validade. E o amor também.

Eu sabia. Mas com ele eu desaprendi tudo que eu sabia para aprender coisas novas. Aprendi que quando se ama, seu eu todo fica lírico, e toda poesia fala um pouco de você. E que muito tempo na verdade é uma utopia: todo tempo é sempre curto demais para realizar tantos planos guardados no travesseiro. Porque amar é fazer planos. Pra amanhã, pro ano que vem ou pra próxima encarnação - a gente quer sempre adivinhar como vai ser. Mas só se for pra ser bom.

É que eu  também aprendi que perdoar é mais fácil quando a saudade aperta, e que a gente se arrepende até do que não fez pra ser perdoado mais rápido. Aprendi que a memória  de quem ama é seletiva, e que as boas lembranças são sempre o melhor refúgio para os momentos difíceis. As almas não precisam ser gêmeas  no final das contas, porque as diferenças tornam tudo mais interessante, e as semelhanças são deliciosas de se descobrir. Aprendi que mentiras são ótimos placebos pra quando a verdade fere. Afinal - eu aprendi - não é preciso ser tão realista assim.

Um comentário:

Charles Bravowood disse...

Não, não é preciso ser tão realista assim. Bom é sonhar um pouco.

beijos, Charlie B.