Nó cego

Eu aprendi a amarrar meus sapatos sozinha, vendo meu irmão tentar colocar o coelho dentro da toca, e desde então tenho essa coisa com laços. Laços de presente, de cabelo, de gravata. Laços de fita, de veludo, de cetim – e por que não laços de chita? Meus vestidos, quase todos, têm um laço na cintura. Minha árvore de natal, eu enfeito com laços. Guardo caixas te todos os tamanhos, com laços vermelhos, dourados, marfins... Um laço bem feito, com as pontas cortadas do mesmo tamanho e o tecido virado para o lado correto não é pra qualquer um. É preciso paciência, capricho. E talvez por isso tenham começado a utilizar essa palavra para descrever ligações especiais entre as pessoas: laços de sangue, de amizade, de amor. Mas eis que quando um desses laços se rompe de forma inesperada, a gente fica se perguntando: de que vale toda a pompa e beleza de um laço que se desata tão facilmente? Antes fosse um nó cego.

Um comentário:

Jéssica Figueiredo disse...

Se cuidarmos bem dos laços, amarrando-os com delicadeza e um pouquinho de força (a necessária para deixá-los pomposos), eles podem ficar atados por um bom tempo.